Você já imaginou precisar "se montar" todos os dias só para que seu gênero fosse respeitado? Mulheres trans, sempre!
- Aine Tadini Ramos
- 15 de jan.
- 2 min de leitura
Já parou para pensar como a forma de expressão feminina pode ser tratada de maneira diferente dependendo de quem você é? Enquanto muitas mulheres cis conseguem viver sua feminilidade de forma mais livre — usando roupas largas, cabelos curtos, saindo sem maquiagem ou unhas pintadas —, mulheres trans frequentemente sentem a obrigatoriedade de performar o feminino de forma intensa para que seu gênero seja respeitado e garantir sua própria segurança.

Para muitas de nós, essa "performance" não é uma escolha, mas sim uma condição imposta por uma sociedade que nos coloca sob um escrutínio constante. Quando uma mulher trans sai de casa, muitas vezes ela precisa usar batom, brincos, vestidos, unhas pintadas, sandalias delicadas e roupas que evidenciem seus seios — mesmo que essas coisas não reflitam completamente seu estilo pessoal ou preferências. A gente pode gostar ou não da expressão feminina. Não é sobre gostar. Mas é sobre você poder sentir que vai ser respeitada quando quiser sair, mesmo que pra ir na padaria, farmácia ou um shopping sem precisar "se montar" pra ser respeitada. Isso não é apenas uma questão de estética; é uma questão de sobrevivência, de ser vista e tratada como o que somos: mulheres.
Isso vai além da disforia de gênero, que é algo pessoal pra cada uma de nós e completamente individual. É uma questão de como a sociedade vai nos tratar.
Essa experiência não é universal — cada mulher trans tem sua própria vivência —, mas é amplamente reconhecida em estudos, relatos e debates sobre gênero e sociedade. O que o texto busca destacar é uma desigualdade estrutural que exige de algumas mulheres muito mais esforço para serem respeitadas em sua identidade.

Mas por que essa disparidade existe? Por que mulheres cis têm mais espaço para desafiar padrões e, ainda assim, têm seu gênero respeitado, enquanto mulheres trans precisam seguir um roteiro tão restrito para garantir o mínimo de segurança e dignidade? Veja bem, o machismo existe e muitas mulheres cis sentem a obrigatoriedade de performar a expressão feminina. Mas não para ter seu gênero reconhecido. No caso das mulheres cis, é o machismo impondo a beleza como fator de atração sexual. Estou trazendo que para mulheres trans, a obrigatoriedade da performance feminina é sobre ter seu gênero respeitado e reconhecido.
Essa reflexão não é um pedido de simpatia, mas um convite à empatia. Pergunte-se:
-Quando foi a última vez que você precisou se preocupar se seu gênero seria questionado por causa da roupa que vestiu?
-Como seria viver em um mundo onde sua identidade depende de "provar" algo tão intrínseco sobre quem você é?
Essas perguntas não têm respostas fáceis, mas pensar sobre elas é o primeiro passo para entender como podemos construir um mundo onde todas as formas de ser mulher sejam respeitadas — sem condições.
Você sente esta "pressão" ?


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